Linhas soltas, asas rasgadas

Freedom is just chaos with better lighting.

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domingo, maio 31, 2009

Triste punhal

Hoje perdi uma amiga, Carolina. Para mim, uma maravilhosa e quase incompreensível escritora cheia de vícios. Para você, nada melhor que a definição de "cat lover, jazz fan, flamenco dancer, addicted to poetry and cigarrettes, chronically melancholic, great cook, obsessed with psychoanalysis and detective novels, lazy in the mornings and sarcastic at nights." Então quem é que me explica o que lhe aconteceu neste domingo?
Alguém me liga e eu não quero falar com essa pessoa, nem acreditar no que ela conta. Foram tantas as falsidades, por que essa única notícia não poderia ser mentira? Só que não é. Eu fico sem palavras, fico olhando para a folha em branco, com um número de telefone meio rabiscado, me perguntando como farei para ir a um velório em uma segunda-feira em São Paulo. Perco a voz, perco o controle dos meus olhos se embaçando com algum líquido que eu preferia não ter dentro de mim. Porque representa uma tristeza que eu não associo com você.
Não deveria me importar com essas coisas mundanas. Não deveria pensar no que fazer, nem odiar as pessoas que não eram suas amigas e você sabia disso. Também não deveria estar com medo de ver você uma última vez, quando o corpo que estará lá não é mais você. Não é a pessoa que vai dividir um vinho branco e ouvir música, falar de poesia e ler meu blog. E eu não deveria me preocupar em escrever algo à sua altura nesta noite, por dois motivos óbvios... Primeiro, jamais saberia colocar você em palavras. E porque não importa onde esteja, sua lembrança permanece. Cliché, I know, but you get me.
Ficaram coisas demais aqui, sozinhas. Ficamos nós, sem você. Deixou suas plantinhas órfãs, dois ou três gatos manhosos, uma irmã gêmea destruída, um apartamento recém decorado e com poucos móveis, uma coleção de livros extraordinários, um computador cheio de idéias - boa parte delas incompletas.
Por que a depressão? Poderíamos nos perguntar, poderíamos descobrir se foi acidente ou não. Mas de que importa, realmente? Seus textos receberam um ponto final, prematuro. O que quer que nos aconteça daqui por diante, já está marcado por esse ponto.
Fiquei com um livro seu, Carol, daquela última vez que nos vimos. As coisas finais são sempre tão banais, nem parecem de verdade. A edição de "Noites sem fim" do Sandman, sobre os Eternos (nunca a Morte, o Sonho, o Desespero, o Desejo, a Destruição, o Delírio e o Destino fizeram tanto sentido...) Se eu soubesse... poderia ter feito alguma coisa? Como evitar o que já virou passado? Quem é que me responde? A pergunta faz um eco que chega a doer.
Talvez ninguém comente esse post, gata (essa palavra era tão sua), agora que você se foi. Mas, sabemos, teremos sempre a literatura para preencher nossos silêncios. Eu aqui, você aí. Cada qual com seus "blues", tentando entender. Tentando se entender. Em suas palavras, termino meu lamento e vou cuidar da dor de cabeça: "É isso, meus amores. Et bonne nuit pour vous."
Take care. Bisou. Adieu.

sábado, maio 30, 2009

Rendezvous in Paris

(Claude Lelouch, 1978)

segunda-feira, maio 18, 2009

Inspirações


"Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada."
(by Fernando Pessoa. Thanks, Carol!)

terça-feira, maio 12, 2009

Metafísica

Da série "coisas que tento entender e sei que deveria, mas são complexas e abstratas demais para uma terça-feira sonolenta"...
O termo em si nem é meu grande enigma (a simples definição do que está "além da física" já bastaria). O problema reside naquilo que se esconde por trás do conceito - ou seja, a busca do ser. Não apenas o ser humano (corruptível), mas principalmente o ser supremo (perfeito = Deus), causa e princípio de tudo.
Ora, se eu não tivesse que escrever um trabalho a respeito, talvez pudesse pensar melhor sobre as implicações dessa busca e possivelmente até encontrar alguns bons argumentos. Mas como a filosofia agora me sacode e só pede que eu acorde, não posso me debruçar sobre ela e perguntar o que realmente gostaria:
"Espere um pouco... Onde exatamente você quer chegar com isso?"
Diante da minha pergunta, apenas Aristóteles resolveu se manifestar. Deus hoje optou por permanecer calado.

domingo, maio 03, 2009

Mudança de ares

O vento tem gosto salgado. As pessoas não sentem vergonha de seus corpos, nem se cobrem. Todos os dias, bebem e cantam até tarde. As ondas tropeçam nos grãos de areia, porque não há conchas. Ao fundo, sempre um sussurro preenchendo o vazio, e vem do mar. Longe, uma ilha de pedras. Uma planta apenas. A pequena árvore abre seus braços para o mundo... e não consegue alcançá-lo. (Guarujá - SP)


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