Linhas soltas, asas rasgadas

Freedom is just chaos with better lighting.

Minha foto
Nome:
Local: São Paulo, SP, Brazil

sexta-feira, agosto 26, 2005

Contemplação momentânea

Duas imóveis vagas, aladas
Que se crêem transparentes
Três espumas vermelhas demais
Doce passado há várias horas
O dedo de um deus faminto
A enorme tela dos tons sem fim
Sons ácidos de um ramo seco
Insetos passam enclausurados
Buraco que dá para o além
Uns corpos sujos, divididos
Par de olhos que me espirram
Clipes de ferro e decadência
Ângulo reto ao contrário
Sono de um balde cor de mar
Mil motores berrando à distância
E uma sombra que, súbito, pisca
Ah, se em mim contida fosse
Essa intensidade selvagem
Do interruptor que agoniza!
Mas a noite é espessa, com manchas
Toda nua de odores ou ventos...
Nela, o silêncio absorve tremores
De um ser sozinho que se permite
Observar todas essas coisas.

terça-feira, agosto 16, 2005

Tamanho único

Passos cambaleantes
Na calçada íngreme
Um carro improvisado
Passa sorrindo
Nada a ser novo
E a fome, um suspiro
Na noite sem luzes
Meus olhos ausentes
Procuram pontos
Num céu avermelhado
O momento que passa
É um tropeço

domingo, agosto 14, 2005

Indo a fundo

Leio e treleio e ainda
Luto pra entender
Debato comigo o que
Acontece com os outros
Se o problema está em mim
Se nada me acrescenta
Pouco me inspira
E mal sabe ele
Que semi-pureza
Não existe
Nem se sustenta
E mente a si mesma
Que estou cansada
De ser criticada
Quando ares superiores
São úmidos, doentios
Idéias pessoais
São sonhos vazios
As coisas que escondo
São desse além
Do que não sou
Mas não interfiro
E respeito, e me omito
Sigo esgueirando-me
Flutuando, falseando
Entre os mundos
Sem pertencer
A mundo algum
Não fico nem vou
Em desequilíbrio
Calculo a linha
De um vago infinito
Que lateja e sangra
De uma cor estranha
Grito por dentro
Do medíocre e frio
Pecado superficial
Tolero tanto absurdo que
Nem esta frase soube ser minha
Antes fosse muda.

terça-feira, agosto 02, 2005

Luminosidade Tosca

Os problemas
São oportunidades
Com espinhos
Os buracos
São normais
Em longos caminhos
Mas diga que não é nada
Diga-me, por favor
Que é de nuvens feita a estrada
Ou que a angústia
É esperança disfarçada
Por um momento
Sonhei que a vida era boa
Mas esta era a vida
De outra pessoa
Devolva-me aquele instante
Em que acreditei
E com fios de vento
Eu bordarei
Um céu de estrelas
Mais brilhantes
Um céu de agosto
Que ainda suporte
Olhar-se no espelho


adopt your own virtual pet!
Clicky Web Analytics