Linhas soltas, asas rasgadas

Freedom is just chaos with better lighting.

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quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Quarta-feira

Reflexões antes de uma peça de teatro...

O tempo está correndo
Não tenho feito nada de muito produtivo
Preciso escrever algo verdadeiramente brilhante
Encontrar um apartamento onde se possa habitar
E que ao mesmo tempo se encaixe no orçamento
Voltar a filmar, fazer yôga, falar francês
Há quanto tempo não ponho meus pés num set
Voltar a ser o que era, só pra variar
Parar de confiar tanto nas pessoas
E entregar o coração como se diz bom dia
Porque se fecha os olhos e a pessoa já vai
Trocando seu afeto como quem troca de meia
Parando de telefonar, parando de escrever
Um monte de alguéns mais interessantes
Um mundo imundo e nada casto, mundo
Cheio de fumaça e pouco fogo
Vazio de sentido e se apoiando
Em teorias sobre cair na rotina
Mas cair feio, quebrando a cara
Pra ver se aprende alguma coisa
Só que a gente nunca aprende
E quando vê, o tempo já era

domingo, fevereiro 25, 2007

Poema de amor

Ele dorme até tarde
Fica acordado até tarde
Telefona dez vezes ao dia
E se não, faz tanta falta
Fascinado por Freud, Lacan
Arte e business, livros, filmes
Troca de roupa várias vezes
Várias vezes confere o espelho
Mas sem ver a beleza inerente
Em se parecer ainda um menino
Sabe ser bobo como ninguém
E cultivar amizades sinceras
Sente dor pelo pai, e tristeza
Sente que pode menos que pode
Sem saber de sua própria grandeza
É viciado em cafeína, nicotina
Internet, Age of Empires, trabalho
Fala Katita como se fosse um beijo
E não acredita no doce perfume
Do cheiro de banho em seus cabelos
Tem um jeito de pedir carinho
Deitando a cabeça em seu colo
Um meio sorriso de mil palavras
Um quase talento para o violão
E o verde mais verde que existe
entre um piscar de olhos e outro

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

A impaciência

São dez horas da manhã e eu espero. Espero que me abram a porta, espero que as coisas aconteçam quando na verdade eu sei que não vão acontecer. Já sem paciência, espero que minha amiga devolva o maldito secador de cabelo que levou de casa há mais de uma semana. Também espero que ela resolva aparecer em casa, só pra variar. Espero que não me explorem tanto no trabalho, quando sou eu mesma que me deixo explorar. E espero simplesmente poder sair daqui em breve, ter alguma fé no futuro.
O cachorro me faz companhia, os passantes me observam com pena. Faz sol, faz calor e estou cansada. Contei todas as grades de ferro do portão, todas as folhas da árvore semi-morta que descansa plácida à minha frente. Decidi deixar um recado na caixa do correio, depois desisti. Um galho com espinhos segurando o papel, para que o vento não leve. Voltei atrás e esperei mais um pouco. Finalmente alguém atendeu.
Creio que o maior problema da espera é de ela ser nada, de não ser mais que um esforço em vão. Agora, acabo de descobrir que sou uma neurótica obsessiva, ou seja, estou fadada a esperar. Não suporto a falta, não me permito o desejo. Há quem diga que sim... Permito-me apenas ser a pessoa que terá paciência eternamente, aceitando as falhas dos outros. Isso é um erro? Eu tenho conserto?
Espero que as coisas mudem, espero que eu mesma mude. Mas na verdade, espero somente que tudo volte a flutuar no azul de um ponto suportável, no qual a espera não tenha que ser tão dolorosa. Lá no alto, onde eu realmente não me importe em ser tolerante e permanecer em pé sob o sol da tarde. Talvez assim eu volte a acreditar que a esperança é, de fato, uma coisa boa.


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