Linhas soltas, asas rasgadas

Freedom is just chaos with better lighting.

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quarta-feira, maio 04, 2011

Em cartaz - Teatro


A cena começa em um bar. Com um sorriso no rosto e tristeza nos olhos, um travesti conta sua história. Relata a sensação de dia seguinte que acompanha sua vida. Afogando as mágoas na bebida, um ator - como afinal somos todos nós - desabafa que escolheu a profissão errada.

Os desencantos e frustrações do artista são o ponto de partida para um espetáculo que se abre em música, dança, risos, paixão. Marulho: O caminho do rio é dirigido pelo também ator Rudifran Pompeu e inspirado em textos de grandes nomes da literatura, como Guimarães Rosa e Gabriel García Márquez.

O universo de Guimarães Rosa já tinha originado outras duas peças do Grupo Redimunho de Investigação Teatral, as premiadas A Casa e Vesperais nas Janelas, ambas realizadas no casarão da Escola Paulista de Restauro, no Bexiga.

Para Marulho, os integrantes do grupo optaram por fugir da comodidade do casarão - "um lugar tão fabuloso, onde qualquer cena ficava perfeita, que estava tornando o trabalho dos atores fácil demais", segundo o diretor - e encontraram o subsolo abandonado de outro prédio histórico. Ali, eles mesmos construíram os ambientes da peça, que são um espetáculo à parte.

A arte se tornou intervenção. A ocupação de um espaço arquitetônico vazio, transformando-o em ambiente cênico altamente criativo, é um dos maiores méritos do grupo. Além do teatro, aos sábados e domingos, o agora chamado Espaço Redimunho abre às sextas-feiras como bar, para encontros entre artistas e noites musicais.

Outro aspecto que chama a atenção na peça é a coragem surpreendente de seus idealizadores, não apenas pela saída do palco tradicional para alternativas mais desafiadoras, mas pelo trabalho intenso de auto-crítica que o texto apresenta. É uma provocação aos pseudo-artistas e aos próprios críticos de teatro, que exigem tanto dos atores sem lhes dar nada em troca. Justo dos atores, que já oferecem ao mundo suas almas, que abrem ao público tudo o que são.


Marulho: O caminho do rio é uma experiência. Uma viagem por instantes e personagens, nesse mar que é a vida. Um convite a deixarmos de lado o mundo "lá fora" e mergulharmos nesse universo de sensações que é o teatro. Quase ao final da peça, Maria aparece em um barco, majestosa, e ajuda uma das personagens a cruzar o rio que a levará para o "outro lado". Esse é o convite que o grupo Redimunho faz à plateia: que embarque sem medo nessa nova jornada.

Ao final da peça, os espectadores voltam para o bar onde tudo começou. Podem até escrever cartas para o grupo, cartas que talvez acabem se tornando inspiração para ideias futuras. O fato é que o espetáculo não termina realmente, porque seus atores são eternos. A vida segue nas ondas da dúvida... mas sempre encontrando novos momentos de beleza nos braços da arte.


Marulho: o caminho do rio...
Com o Grupo Redimunho de Investigação Teatral

Um grupo de atores vive uma crise, e durante seu período de criação começa a receber cartas misteriosas. Estórias míticas de pescadores, cantos de trabalho, erês, sertanejos e ciganos estão presentes em Marulho: o caminho do rio, espetáculo que incorpora ao universo de Guimarães Rosa a Macondo de Gabriel García Márquez com algumas cores de Jorge Amado.

Sábados, às 21h; domingos, às 19h (até 31 de julho de 2011).
R$ 30,00 (Meia-entrada para estudantes, classe artística e 3ª idade).
Duração: 140 min / Classificação: 12 anos / Capacidade: 40 lugares.

ESPAÇO REDIMUNHO
Rua Álvaro de Carvalho, 75 - Bela Vista - São Paulo/SP.
Próximo à estação Anhangabaú do metrô
Telefone para reservas: 3101-9645 e 3237-4898
Estacionamento ao lado

terça-feira, julho 27, 2010

Amazing life


Amazing life
We've been given
I know that you had some troubles
I have had some troubles
We been wasted
We've been complacent
We've given in to getting through the days

I hear the doves
Singing in the trees
They call the dusk
Its colors nod to sleep
The coming dark
Can't hide what we can see

The algebra
Of innocence
Is lost in the bathroom mirrors
Practiced born and steady
Been complacent
We've been bad neighbors
We've been unfaithful in our prime age
To open up to see what happens next
To see our hearts
To risk breaking our necks
To chop it down
To follow there against
So we'll be young again

Amazing world
The ground that gives
I know that you had some troubles
I have had some troubles
We been wasted
We've been complacent
We've given in to getting through the days
I saw a star
Fall from a green sky
I saw you laugh
Your eyes were opened wide
I saw your skin
Uncovered in the night


(Música: Matt Pond)
(Imagem: Mr. Nobody)

sexta-feira, junho 18, 2010

Adeus, Saramago :-(

"Cerremos esta porta.
Devagar, devagar, as roupas caiam
Como de si mesmos se despiam deuses,
E nós o somos, por tão humanos sermos.
É quanto nos foi dado: nada.
Não digamos palavras, suspiremos apenas
Porque o tempo nos olha.
Alguém terá criado antes de ti o sol,
E a lua, e o cometa, o negro espaço,
As estrelas infinitas.
Se juntos, que faremos? O mundo seja,
Como um barco no mar, ou pão na mesa,
Ou rumoroso leito.
Não se afastou o tempo. Assiste e quer.
É já pergunta o seu olhar agudo
À primeira palavra que dizemos:
Tudo."

(In Poesía completa, Alfaguara, pp. 636-637)

domingo, maio 16, 2010

Crônica de uma primeira vez

Realmente, é algo impossível de se esquecer. Caminhando pelas ruas do centro de São Paulo, eu me pergunto por que nunca antes participei dessa tal Virada Cultural. Deve ser a fobia de aglomerações. Gente é o que não falta em eventos assim.
No Anhangabaú, um grupo de malucos desfila com fantasias do filme "Guerra nas Estrelas". Malucos, eu disse? Tem alguma pessoa normal por aqui? Sigo andando, desviando de outro grupo, esse de ciclistas. Não sabem para onde vão, mas pedalam. Com tantas atrações, não será muito difícil encontrarem algo que agrade.
Logo adiante, um palco e um show. A música não é tão boa, as pessoas não parecem tão animadas, mas a chuva luminosa de papel picado é um espetáculo à parte. A cidade parece ganhar mais vida, mais pulso, com tantas luzes. Essa é a magia de São Paulo, que até para momentos mágicos tem data e hora marcadas - neste caso, das 18h do sábado, 15 de maio, até as 18h do domingo.
Tambores, máscaras chinesas, um grupo de performers dança num gramado da Praça Ramos. Mais adiante, sobe um balão de gás no qual estão pendurados dois acrobatas. As pessoas, maravilhadas, voltam seus olhos para o céu. Mas eu não tenho tempo de me maravilhar, já estou procurando por novas surpresas. Em cada esquina, algo diferente. Não é fácil manter o foco.
Continuo caminhando e acabo na Luz, a estação. A orquestra sinfônica e o coral municipal executam Carmina Burana. A plateia exulta com o final apoteótico. Tudo é muito grandioso, muito poderoso. E pela primeira vez durante as várias horas de tantos deslumbramentos, algo verdadeiramente prendeu minha atenção.
O sábado já virou domingo e meus passos me levam de volta para casa. No caminho, um guindaste segura um piano. O pianista, pendurado lá em cima, toca uma melodia que é só dele. Não olha para baixo, nem parece dar-se conta dos espectadores que o observam, abismados. Não liga para a altura, apenas desliza seus dedos pelo teclado. Sua noite virou uma coisa só entre a música e o céu. E essa é a última lembrança que levo comigo, nessa primeira de muitas Viradas que ainda virão pela frente.

terça-feira, maio 11, 2010

Dropping by

Janela

O sol se levanta
e se abre.
Não quero ir com ele,
porque o abraço
dos lençóis
me chama.
Lá fora os outros
não entendem
a minha língua.
Eu não consigo ler
pensamentos.
Se acordar fosse fácil,
a dor de cabeça
seria apenas
sintoma tardio
da ressaca.
Mas fecho a janela
e a voz do sol
se cala.


Eco

As ruas são pequenas e suspiram
Tantos olhos de crianças sonolentas
Por que este sol escolheu justo a mim?
Paralisia terra de sítio deserto
Serpentes que se enrolam em ossos
Nus. Dois braços mergulhados n'água
Salgada, morna pelos nossos pecados
Na brisa lenta de outra tarde passada
A esmo, em mim a sombra da lembrança
De um afeto que era flor, bem presa
Dentro de um já descolorido diário
E que jamais retornou minhas cartas
Ou telefonemas...

Sim, é frágil e quebra-se pronto
O som da voz nestas paisagens secas.

sábado, março 27, 2010

Bright star

by John Keats

Bright star, would I were stedfast as thou art--
Not in lone splendour hung aloft the night
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient, sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft-fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors--
No--yet still stedfast, still unchangeable,
Pillow'd upon my fair love's ripening breast,
To feel for ever its soft fall and swell,
Awake for ever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever--or else swoon to death.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Blue mind

Song by Alexi Murdoch.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Pausa para café


From Pixipets

sexta-feira, outubro 23, 2009

Sonho

Last Day Dream, by Chris Milk.

sexta-feira, setembro 25, 2009

News

Criei um novo blog, esse totalmente dedicado à sétima arte:
Cinema & Etc.
Feel free to visit (unless you're a friend of mine, then you're compelled to visit :-)


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