Linhas soltas, asas rasgadas

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quinta-feira, abril 05, 2007

Três dias

Os olhos se abriram para um mundo seco. Não queria participar desse mundo, nem queria ser mais uma estéril de sonhos. Porque o real era puro um ponto de interrogação. Um corpo dormindo profundamente na quentura dos lençóis. E a manhã, amarga demais para não chover.
Levantou e vestiu-se, com descuido. Lentidão. Quando se acaba de acordar, nunca se acorda de verdade. Mãos de uma sonâmbula fechando botões e escovando dentes. Triste, ter que partir.
Na porta, reparou na luz acesa. Mentalmente pediu que ele não deixasse de apagá-la. Nem ela soube por que não colocou o pedido em palavras. Mas eram tantas coisas não ditas, sempre.
Três passos até a saída. O portão da casa demorava a abrir, de pesado, de não querer que ela fosse embora. Na calçada ao lado, punhado de folhas caídas na noite anterior. E o clarão de mil nuvens grafitadas no céu, que incomodou seus olhos. Melhor seria não ter olhado para trás.
Depois, a espera e o concreto. O pequeno ônibus, as rodas quatro. Era caminho, passou em frente à casa dele. Já não havia ninguém ali, e ainda a luz continuava acesa.

2 Comments:

Blogger urbenauta said...

É as vezes não apagam a luz mesmo, por isso recomendo uma trinta e oito, dessa forma vc mesmo apaga a luz! Na porrada e na distância!

11:50 PM  
Blogger Unknown said...

intrigante.

10:25 AM  

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