Linhas soltas, asas rasgadas

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terça-feira, março 06, 2007

A revolta contida

Era a última vez que ela iria aceitar esse tipo de coisa.
Há alguns meses haviam feito algo como promovê-la. Nonsense. Houve mudança nenhuma, senão para pior. O que aconteceu foi que ela assumiu um trabalho que não era seu e ainda cumpria com as muitas tarefas do anterior. Honestamente, isso tem bem outro nome...
Não bastasse, estava cansada. Não conseguia mais se comunicar com a pessoa que (assim era suposto) morava com ela, nem podia sair de onde estava porque seus braços pareciam atados. E porque de nada adianta ficar se lamentando, ela pensou em todas as possibilidades cabíveis para sua situação... só nascendo de novo. Deveria inventar uma personalidade diferente, que aceitasse menos. Mas também não suportava a idéia de não ser amada, então dava nisso.
Pior que isso, até. Porque no fim sempre chegava a Razão, com suas mãozinhas na cintura e ar superior, falando que era assim mesmo, que todo mundo precisava pensar nas consequências. De tanto pensar o coração dela ainda iria parar de bater.
As pessoas na rua andavam sem pressa. Três passantes à sua frente, caminhando como se estivessem morrendo. Ela queria chegar antes, queria que lhe dessem espaço. Mas não há mais cortesia nos dias de hoje. Como aquela senhora de bigode que por pouco não a atropelou, entrando a toda com o carro em sua garagem, sem se importar com os eventuais pedestres na calçada. Podia estar morta, a essas alturas, e outra não daria a mínima. Chamem meu advogado, s'il vous plait. E a tiazinha da limpeza, pois não há quem possa com tanto sangue... Vivemos em um mundo selvagem.
A internet não estava funcionando, resultando em um atraso de no mínimo duas horas na sua vida. Ela percebeu logo de cara que teria mais um dia comprido pela frente. Os insetos não a deixavam em paz. Calor infernal.
A revolta foi aos poucos se transformando em frustração, que depois se transformou em pena de si mesma e por fim virou apenas um punhado de planos para algum outro dia, quem sabe.
Era mesmo a última vez que ela iria aceitar esse tipo de coisa?

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ka kerida... esse também tem muito a ver comigo... mas são dias. A gente tem que pesar o que quer na vida e viver pra perseguir os nosso objetivos. Essas coisas pequenas que estão a atravancar o nosso caminho, elas passarão... nós passarinho :) Beijokas, love ya!!!

3:37 PM  
Anonymous Anônimo said...

dias assim só têm uma solução: poema em linha reta, fernando pessoa ;))))

7:38 PM  

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